terça-feira, 19 de junho de 2012

O Lixo Urbano

Tratamento de lixo urbano - uma questão grave e urgente


Entre muitas questões importantes a respeito da preservação do nosso Meio Ambiente, existe uma que desafia a nossa responsabilidade. É a questão do lixo que produzimos diariamente aos milhares de toneladas. Esse é um fenômeno bastante comentado na sociedade e que gerou até agora muitas iniciativas, projetos e até programas para minimizar as suas consequencias. Tudo isso é louvável, mas radicalmente insuficiente e insignificante, levando em conta que não atinge nem 10% de todo o lixo produzido, e por isso mesmo os outros 90% vão para aterros, causando graves danos ao Meio Ambiente. Contentar-se com o sucesso de reciclar 10% de lixo é, no mínimo, uma brincadeira. Torna-se urgente, portanto, enfrentar essa questão, ou então continuar a fingir que fazemos a nossa parte, tapando o sol com a peneira. Infelizmente, até agora, as autoridades e, também, nós todos estamos com esta última opção.
Por que não optar por ‘tolerância zero’ em relação à poluição do Meio Ambiente pelo lixo urbano? Não é utopia nem tampouco um sonho. Dependendo da vontade política dos órgãos responsáveis pelas cidades, poderia optar-se pelo programa radical e integral de reciclagem e tratamento de todo o lixo produzido em cada cidade. O objetivo seria inverter a situação, destinando à incineração e ao aterro posterior, no máximo 10% de lixo, quando for realmente impossível o seu reaproveitamento. Ao invés de repassar para cada cidadão e cidadã a culpa e a responsabilidade pelo desastre ecológico produzido pela nossa civilização, fazendo de conta que está cumprindo o seu papel, que tal o Estado, através das prefeituras de todas as nossas cidades, tomar uma decisão radical e transformar todo o lixo em matéria prima, que voltaria a servir para a produção de novos bens e até se tornaria uma fonte de renda e lucro para essas cidades?
A proposta radical, à qual estou me referindo, envolve primeiramente um projeto corajoso e completo que contempla a possibilidade de coleta de todo o lixo produzido numa cidade (essa etapa já existe), para ser encaminhado para uma usina de lixo. Compreendo por usina de lixo um complexo de áreas e instalações, para onde seria levado todo o lixo da cidade, passando primeiramente por uma seleção geral, depois mais detalhada (pelas esteiras) e, em seguida, encaminhado para diversos setores, de acordo com a natureza dele.
A seleção de lixo consistiria em separação de todos os diferentes tipos de material descartado, citando aqui os mais comuns:
- madeira (para fins de artesanato, fábricas de derivados de madeira, etc);
- papel (matéria prima para celulose);
- plástico (matéria prima para indústria de plásticos);
- borracha/ pneu (para trituração e uso industrial);
- isopor ; - metal (para siderúrgica);
- alumínio (para indústria);
- vidro (matéria prima para indústria de vidro);
- componentes eletro/eletrônicos (seleção e tratamento específico);
- material e entulhos provindos de construção civil;
- pilhas e baterias usadas (tratamento específico);
- óleo usado de cozinha (matéria prima para produzir biocombustível);
- toda matéria orgânica (adubo);
- lixo hospitalar (destinado à incineração).
Para cada uma dessas categorias de material destinado à reciclagem, já existe, às vezes pouco divulgada, uma possibilidade de encaminhá-lo para as empresas específicas. Grande parte do lixo urbano, desse jeito, retornaria às fábricas, em forma de matéria prima.
Ocorre a necessidade e a possibilidade de estabelecer parcerias e contratos entre a cidade e diversas fábricas e indústrias, possíveis receptoras de matérias primas extraídas do lixo.
A matéria orgânica, poderia ser transformada em adubos naturais, comercializados.
Alguns tipos de materiais que fazem parte do lixo urbano, Poe exemplo, componentes eletro/eletrônicos, entulhos de construção civil, isopor, espuma, panos, podem encontrar ainda outras maneiras de reciclagem, contando com a parceria de Centros de Pesquisa das Universidades.
Uma pequena parte do lixo urbano, que não serviria para ser reciclada, poderia ser incinerada, e apenas ela (cerca de 10% do total) destinada ao aterro em forma de cinzas. Para esses fins, seriam instalados incineradores, com filtros eficientes, para proteger o Meio Ambiente da emissão de gases poluentes.
O tratamento integral de lixo urbano, quando desenvolvido e implantado com responsabilidade política e social, poderá empregar vários especialistas, capacitados para garantir o sucesso do empreendimento. Mas não é só isso. Constituiria também um impulso concreto e constante para o desenvolvimento econômico das cidades, diminuindo o impacto da agressão ao Meio Ambiente.
Ademais, seria uma possibilidade de gerar dezenas de empregos, com remuneração digna para a população pobre de rua, ajudando na solução desse outro problema gravíssimo das nossas cidades. Um emprego estável e definido, com a carteira assinada, garantindo condições seguras de trabalho (uniforme, botas, luvas, etc.) – proporcionaria uma vida decente a essa camada da população. A preferência seria dada a todas essas pessoas que hoje vivem da coleta de lixo seletivo e aos moradores de rua. Isso implicaria em planejamento e ação continuada, envolvendo o Serviço Social das prefeituras. Trabalharia-se amplamente e com grande competência o problema de lixo urbano. Mesmo que fosse todo esse empreendimento só para custear o destino aproveitável do lixo, a proteção do Meio Ambiente e a solução para esses alguns graves problemas sociais das cidades, seria válido apostar numa solução como esta, aparentemente radical, mas viável e possível.
Têm-se notícias de que já existem pelo mundo algumas iniciativas similares, transformando o lixo em ‘lucro’ para aquelas cidades que adotaram esse tipo de tratamento. Mesmo se esta fosse uma iniciativa inédita valeria a pena optar por ela, sabendo que é um investimento importantíssimo para a melhoria da nossa vida e uma obrigação moral e vital para com o nosso Meio Ambiente, que já agora podemos preservar para as futuras gerações. Tratamento de lixo urbano, sim, é uma questão grave e urgente, e deve ter uma saída concreta: apostar na solução radical!

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